sábado, 7 de junho de 2014

MANGUEZAL DO RIO CEARÁ

Sobre o Manguezal


1. CARACTERIZAÇÃO DA BACIA DO RIO CEARÁ:

A bacia hidrográfica do rio Ceará situa-se na Região Metropolitana de Fortaleza (RMF), entre as coordenadas geográficas 380 24’ e 390 00’ de longitude Oeste e 30 11’ e 3023’ de latitude Sul. As nascentes do rio estão localizadas em sua maioria na Serra de Maranguape e o principal rio percorre aproximadamente 60 quilômetros na direção W-NE, até desembocar no Oceano Atlântico. Sua bacia fluvial tem cerca de 900 quilômetros quadrados de área total, abrangendo parte dos municípios de Maranguape, Fortaleza e Caucaia. O rio Ceará possui como afluentes fluviais pequenos cursos d’água localizados ao longo de seu percurso, como principais pode-se citar o riacho dos Macacos, riacho das Esperas e o riacho dos Patos na sua margem esquerda; o riacho Bom-Princípio, o riacho Pão-de-Açúcar, o riacho do Toco em sua margem direita, sendo que este último é o seu mais importante afluente, estando localizado na sua desembocadura a aproximadamente 7 Km de sua foz. O rio Ceará está incluído no grupo de pequenos rios litorâneos, possuindo uma planície aluvial composta por manguezais, além de meandros e pequenas ilhas fluviais (SUDEC, 1976). 

2. FLORA 

Na zona estuarina do rio Ceará predomina uma vegetação espessa do tipo arbórea-arbustiva, constantemente verde, apresentando um grande desenvolvimento superficial dos sistemas radiculares e numerosas raízes escoras e pneumatóforos. Essa vegetação é denominada de mangue, onde as principais espécies são o mangue vermelho ou sapateiro (Rhizophora mangle), o mangue preto ou siriúba (Avicennia shaueriana e Avicennia germinans), o mangue branco (Laguncularia racemosa) e o mangue botão (Conocarpus erecta). Essa vegetação encontra-se ainda em bom estado de conservação, apesar de vir sofrendo em alguns pontos um intenso desmatamento para a retirada de madeira, construção de salinas e de residências ao longo do seu percurso. 

3. FAUNA 

A composição faunística do manguezal do rio Ceará apresenta-se bastante diversificada, composta por espécies de origem terrestre e aquática. Dentre as espécies que habitam esse estuário podemos citar os crustáceos, moluscos, a ictiofauna (ver principais espécies nos quadros 01, 02, 03), além de aves como o sibite-de-mangue (Conirostrum bicolor), a saracura-do-mangue (Aramides mangle), dentre outras, entre os mamíferos destaca-se o guachinim (Procyon cancrivorus) e entre os répteis a cobra-de-veado (Boa constrictor). O manguezal do rio Ceará apresenta uma grande quantidade de peixes, tanto de água doce como de água salgada. Os crustáceos e os moluscos ocupam uma grande área e muitos podem ser consumidos pelas comunidades litorâneas. A fauna utiliza o ambiente estuarino como refúgio e fonte alimentar em especial os indivíduos jovens e larvas. Nele encontram condições ideais para a desova e reprodução das espécies. 

4. FONTES DE USO E OCUPAÇÃO DO SOLO 

As formas de uso e ocupação desse solo ocorrem de maneira inadequada, prejudicando o estuário como um todo. A retirada da vegetação original da planície flúvio-marinha acelera o processo de erosão da parte do rio causando o assoreamento do mesmo, além dos esgotos e do lixo que são lançados diretamente no rio, provocando sua poluição. A ocupação humana também se dá de forma inadequada, visto que esta ocorre às margens do rio, tendo problemas de enchente no período chuvoso e durante a maré alta. A população que vive nessas áreas sofre com os riscos de doenças devido às formas precárias de moradia e a contaminação das águas do rio. As áreas residenciais na planície flúvio-marinha não dispõem de infraestrutura básica, não têm abastecimento de água e nem esgotamento sanitário, sendo seus dejetos lançados diretamente no rio ou próximos a ele, causando com isso contaminação do solo e do lençol freático. No que tange a sua utilização, o estuário vem sendo explorado principalmente na coleta artesanal de ostras, peixes e caranguejos. Essa atividade é realizada geralmente pelos índios Tapebas, habitantes da margem do rio. 

5. IMPACTOS AMBIENTAIS 

Os principais impactos ambientais que ocorrem na planície flúvio-marinha do rio Ceará se dão através das formas inadequadas do uso e ocupação do solo local, afetando principalmente a faixa de praia e pós-praia, campo de dunas, manguezal e rio. As modificações ambientais são decorrentes dos constantes desmatamentos, ocupações inadequadas, assoreamento e lançamento de esgotos e lixos, causando com isso uma completa descaracterização da área estuarina. A poluição hídrica é um dos principais problemas do estuário. Esta ocorre através do lançamento de esgotos domésticos e industriais no seu principal afluente, o rio Maranguapinho, provenientes das indústrias TBA, FORTBBOI e CEARAPELES, além dos despejos de esgotos e lixo lançados pela população que mora nas suas margens e do efluente da Estação de Tratamento de Esgoto do Distrito Industrial de Maracanaú. Esse rio passa por bairros da periferia de Fortaleza como Alto Alegre, Bom Jardim, Granja Portugal e Genibaú, que são destituídos de sistema de coleta de esgoto. Outra fonte potencialmente poluidora é o estaleiro situado próximo a sua desembocadura, com eventuais derramamentos de óleos, em decorrência de reparos nas embarcações. Ao longo do estuário, percebeu-se grandes quantidades de materiais plásticos (garrafas de refrigerantes, detergentes, sacos) presos às raízes do mangue, demonstrando claramente os despejos de resíduos sólidos próximos às margens do rio Ceará. Constatou-se também a presença de animais mortos (cavalo, cachorro) boiando nas águas do estuário. O assoreamento do rio é um problema antigo que vem se intensificando na desembocadura do rio Ceará, onde se formou um "banco" de areia devido à deposição de sedimentos trazidos pelo rio e pelas marés e que se agravou depois da construção da ponte, pois já se percebe durante a maré baixa a formação de um novo "banco" de areia próximo às pilastras da ponte. Um outro problema que se percebeu na planície fluvio-marinha do rio Ceará é o desmatamento do manguezal. Este é feito com objetivo de fornecer madeira para a construção de casas, fornecimento de lenha e carvão utilizados pela comunidade ribeirinha e para a construção de salinas, que mais tarde são abandonadas, causando com isso sérios impactos para o ecossistema, visto que o aumento da salinidade torna difícil a regeneração da vegetação. Ocorre também no estuário do rio Ceará a pesca predatória de peixes, moluscos e crustáceos fazendo com que esse potencial diminua com o tempo. Apesar da capacidade do manguezal de absorver os agentes poluentes de outras áreas, foi observado por MAGALHÃES (1997), que a vegetação do mangue já apresenta sinais de degradação por poluentes, indicando o rompimento de sua capacidade de absorção. 

Fonte: http://www.oktiva.net/oktiva.net

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